DDI - Apresentações orais em encontros nacionais
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- Fungos em ambiente hospitalar: uma ameaça?Publication . Sabino, RaquelAs infecções fúngicas constituem um problema relevante em todos os hospitais do mundo. O ambiente hospitalar desempenha um papel fundamental na epidemiologia das infecções fúngicas nosocomiais. O nível de contaminação fúngica no ambiente hospitalar pode aumentar dramaticamente na combinação de vários factores, como a presença de trabalhos de construção dentro do hospital ou mesmo perto deste. A fácil transmissão de fungos pelo ar, água ou mesmo pelo contacto directo ou indirecto com pessoas, superfícies ou objectos contaminados conduz a uma crescente preocupação com as infecções adquiridas principalmente por pacientes sujeitos a cuidados intensivos e/ou continuados bem como pacientes queimados, transplantados ou oncológicos. Destes últimos, os pacientes hematológicos apresentam um risco maior de desenvolvimento de infecções fúngicas invasivas. Cerca de 20 a 50% destes pacientes evidenciam sinais de infecção fúngica invasiva aquando da autópsia. Apesar de as infecções invasivas causadas por leveduras do género Candida serem mais comuns que as infecções causadas por fungos filamentosos, o número de mortes causadas por estes últimos é bastante mais alto. A taxa de mortalidade por candidemia em transplantados autólogos de medula óssea varia entre 8 a 53% enquanto que as infecções disseminadas por fungos filamentosos como Aspergillus spp., Fusarium spp. and Zygomycetes varia entre 56% e 95%. Como a exposição aos fungos pode causar graves riscos de saúde, é essencial avaliar o grau de contaminação de determinados ambientes e como estes poderão influenciar e determinar o risco de infecção para os pacientes. Medidas preventivas adequadas podem representar uma forma eficiente de diminuição da incidência das infecções fúngicas e o controlo de potenciais fontes de infecção endógenas e exógenas. Estas medidas incluem, por exemplo, acções de sensibilização para o pessoal hospitalar e uma monitorização sistemática da carga fúngica do ambiente hospitalar durante a hospitalização.
- Infecção invasiva a Haemophilus influenzae em Portugal: O que mudou após a introdução da vacina para o Haemophilus influenzae serótipo b?Publication . Lavado, PaulaO Haemophilus influenzae (H. influenzae) é um microrganismo Gram negativo cujo nicho ecológico é o tracto respiratório humano. Para além de colonizar a nasofarínge de pessoas saudáveis, o H. influenzae é normalmente responsável por infecções respiratórias e ainda infecções invasivas graves como a meningite e a septicemia, principalmente nas crianças (Tristram, 2007). As estirpes capsuladas, nomeadamente as de serótipo b (Hib) eram, até à introdução da vacina conjugada, responsáveis pela maior parte dos casos de infecção invasiva (Peltola, 2000). A vacina para o Hib foi licenciada em Portugal em 1994 e incluída no Plano Nacional de Vacinação (PNV) no ano 2000, para crianças até aos 5 anos de idade. Como consequência, as infecções invasivas de serótipo b foram praticamente eliminadas nas populações onde a vacina foi implementada (Wenger, 1998). No entanto, esta vacina não protege contra a infecção invasiva por estirpes não capsuladas (NC) ou de serótipos não b sendo, de momento, as estirpes NC as responsáveis pela maior parte destas infecções (Ladhani et al., 2010; Ulanova & Tsang, 2009). O objectivo deste estudo é o de caracterizar as estirpes de H. influenzae isoladas de doentes com infecção invasiva, no período após a introdução da vacina no PNV do nosso país. Amostra: Foram coleccionadas no Departamento de Doenças Infecciosas do INSA, 154 estirpes, isoladas nos últimos 10 anos (2001 a 2010), em diversos Hospitais em Portugal. Em Janeiro de 2010 foi iniciado um Projecto de “Vigilância Clínica e Epidemiológica da Doença Invasiva por H. influenzae na Criança”, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Pediatria. As estirpes caracterizadas ao abrigo deste projecto (9 estirpes, em 2010) foram incluídas na amostra global, para efeitos de análise de resultados. Métodos: A identificação do H. influenzae foi confirmada pelos procedimentos habituais. O serótipo capsular foi caracterizado por uma técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR) que permite classificar as estirpes em diferentes serótipos (de a a f) e em estirpes NC (Falla et al, 1994). A susceptibilidade aos antibióticos foi determinada por microdiluição, para 13 antibióticos, de acordo com as normas do CLSI (2009). A pesquisa de produção de β-lactamase foi efectuada com nitrocefim. Para caracterizar o tipo de enzima, TEM ou ROB, nas estirpes produtoras de β-lactamase, recorreu-se ao PCR multiplex. O Pulsed-Field-Gel-Electrophoresis (PFGE) (Campos et al., 2004) foi a técnica utilizada para estudos de clonalidade e disseminação da infecção. Resultados: A maior parte das estirpes foram isoladas de hemocultura (76%; 117/154), seguindo-se o líquido cefaloraquidiano (18,8%; 29/154) e líquido pleural (5,2% 8/154). Quarenta e nove estirpes (31,8%; 49/154) foram isoladas de crianças (≤ 5 anos). Onze por cento das estirpes (11%; 17/154) eram produtoras de β-lactamase. Todas as β-lactamases foram caracterizadas como tipo TEM. No grupo de estirpes não produtoras de β-lactamase detectaram-se 12 estirpes (8,8%; 12/137) com diminuição da susceptibilidade à ampicilina e ao co-amoxiclave, assim como às cefalosporinas de 2ª geração. Estas estirpes designam-se por BLNAR (β-lactamase negativas e resistentes à ampicilina) pela sua diminuição de afinidade aos antibióticos β-lactâmicos, devido a mutações no gene ftsI, que codifica a PBP3 (Barbosa et al, 2011). Globalmente, observou-se um elevado nível de resistência ao trimetoprim/sulfametoxasol: 19%. A caracterização do serótipo capsular permitiu classificar 120 estirpes (78%; 120/154) como NC, 19 de serótipo b (12,3%; 19/154) e 15 (9,7%; 15/154) de serótipo não-b (3 a, 1 d e 11 f). Discussão: Os dados aqui apresentados, de 154 estirpes invasivas isoladas entre 2001 e 2010 e quando comparados com dados anteriormente publicados (Bajanca et al, 2004) relativos ao período 1989-2001, revelam uma alteração na epidemiologia da infecção invasiva nos dois períodos de estudo. Assim, e em relação ao serótipo capsular, as estirpes NC sofreram um aumento de 38,6% para 78%, contrariamente aos isolados de serótipo b que decresceram acentuadamente, de 60,5% para 12,3%. Foi ainda observado um aumento na percentagem de isolados de serótipo não-b, de 0,8% para 9,7%. Destacamos uma estirpe de serótipo d caracterizada pela primeira vez num lactente, na Europa (Calado et al, 2011). Os dados de um estudo Europeu realizado entre 1996 e 2006 (Ladhani et al., 2010), em 14 países, que reportou 10081 casos de infecção invasiva: 44,3% por H. influenzae NC, 28,1% por Hib e 7,8% por estirpes de serótipo não-b, vão ao encontro dos nossos resultados mais recentes. Verificou-se uma diminuição acentuada nas percentagens de resistência aos antibióticos, concomitantemente com o decréscimo das infecções a Hib: a produção de β -lactamase decresceu de 26,9% para 11%; não se detectam estirpes multiresistentes (resistência simultânea à ampicilina, cloranfenicol, tetraciclina) desde 1996, quando anteriormente esta percentagem era de 34,4%. Assistimos agora à emergência de novos mecanismos de resistência, principalmente de estirpes BLNAR. Conclusão: Os nossos resultados revelam uma alteração na epidemiologia da infecção invasiva a H. influenzae dez anos após a introdução da vacina, com um aumento de estirpes NC e a caracterização de outros serótipos, como serótipos a, d e f, o que nos demonstra a importância de dar continuidade a esta monitorização através de mais e melhores estudos de vigilância.
- Infecção invasiva a Haemophilus influenzae em Portugal: O que mudou após a introdução da vacina para o Haemophilus influenzae serótipo b?Publication . Lavado, PaulaIntrodução: O Haemophilus influenzae (H. influenzae) é um microrganismo Gram negativo cujo nicho ecológico é o tracto respiratório humano. Para além de colonizar a nasofarínge de pessoas saudáveis, o H. influenzae é normalmente responsável por infecções respiratórias e ainda infecções invasivas graves como a meningite e a septicemia, principalmente nas crianças (Tristram, 2007). As estirpes capsuladas, nomeadamente as de serótipo b (Hib) eram, até à introdução da vacina conjugada, responsáveis pela maior parte dos casos de infecção invasiva (Peltola, 2000). A vacina para o Hib foi licenciada em Portugal em 1994 e incluída no Plano Nacional de Vacinação (PNV) no ano 2000, para crianças até aos 5 anos de idade. Como consequência, as infecções invasivas de serótipo b foram praticamente eliminadas nas populações onde a vacina foi implementada (Wenger, 1998). No entanto, esta vacina não protege contra a infecção invasiva por estirpes não capsuladas (NC) ou de serótipos não b sendo, de momento, as estirpes NC as responsáveis pela maior parte destas infecções (Ladhani et al., 2010; Ulanova & Tsang, 2009). O objectivo deste estudo é o de caracterizar as estirpes de H. influenzae isoladas de doentes com infecção invasiva, no período após a introdução da vacina no PNV do nosso país. Amostra: Foram coleccionadas no Departamento de Doenças Infecciosas do INSA, 154 estirpes, isoladas nos últimos 10 anos (2001 a 2010), em diversos Hospitais em Portugal. Em Janeiro de 2010 foi iniciado um Projecto de “Vigilância Clínica e Epidemiológica da Doença Invasiva por H. influenzae na Criança”, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Pediatria. As estirpes caracterizadas ao abrigo deste projecto (9 estirpes, em 2010) foram incluídas na amostra global, para efeitos de análise de resultados. Métodos: A identificação do H. influenzae foi confirmada pelos procedimentos habituais. O serótipo capsular foi caracterizado por uma técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR) que permite classificar as estirpes em diferentes serótipos (de a a f) e em estirpes NC (Falla et al, 1994). A susceptibilidade aos antibióticos foi determinada por microdiluição, para 13 antibióticos, de acordo com as normas do CLSI (2009). A pesquisa de produção de β-lactamase foi efectuada com nitrocefim. Para caracterizar o tipo de enzima, TEM ou ROB, nas estirpes produtoras de β-lactamase, recorreu-se ao PCR multiplex. O Pulsed-Field-Gel-Electrophoresis (PFGE) (Campos et al., 2004) foi a técnica utilizada para estudos de clonalidade e disseminação da infecção. Resultados: A maior parte das estirpes foram isoladas de hemocultura (76%; 117/154), seguindo-se o líquido cefaloraquidiano (18,8%; 29/154) e líquido pleural (5,2% 8/154). Quarenta e nove estirpes (31,8%; 49/154) foram isoladas de crianças (≤ 5 anos). Onze por cento das estirpes (11%; 17/154) eram produtoras de β-lactamase. Todas as β-lactamases foram caracterizadas como tipo TEM. No grupo de estirpes não produtoras de β-lactamase detectaram-se 12 estirpes (8,8%; 12/137) com diminuição da susceptibilidade à ampicilina e ao co-amoxiclave, assim como às cefalosporinas de 2ª geração. Estas estirpes designam-se por BLNAR (β-lactamase negativas e resistentes à ampicilina) pela sua diminuição de afinidade aos antibióticos β-lactâmicos, devido a mutações no gene ftsI, que codifica a PBP3 (Barbosa et al, 2011). Globalmente, observou-se um elevado nível de resistência ao trimetoprim/sulfametoxasol: 19%. A caracterização do serótipo capsular permitiu classificar 120 estirpes (78%; 120/154) como NC, 19 de serótipo b (12,3%; 19/154) e 15 (9,7%; 15/154) de serótipo não-b (3 a, 1 d e 11 f). Discussão: Os dados aqui apresentados, de 154 estirpes invasivas isoladas entre 2001 e 2010 e quando comparados com dados anteriormente publicados (Bajanca et al, 2004) relativos ao período 1989-2001, revelam uma alteração na epidemiologia da infecção invasiva nos dois períodos de estudo. Assim, e em relação ao serótipo capsular, as estirpes NC sofreram um aumento de 38,6% para 78%, contrariamente aos isolados de serótipo b que decresceram acentuadamente, de 60,5% para 12,3%. Foi ainda observado um aumento na percentagem de isolados de serótipo não-b, de 0,8% para 9,7%. Destacamos uma estirpe de serótipo d caracterizada pela primeira vez num lactente, na Europa (Calado et al, 2011). Os dados de um estudo Europeu realizado entre 1996 e 2006 (Ladhani et al., 2010), em 14 países, que reportou 10081 casos de infecção invasiva: 44,3% por H. influenzae NC, 28,1% por Hib e 7,8% por estirpes de serótipo não-b, vão ao encontro dos nossos resultados mais recentes. Verificou-se uma diminuição acentuada nas percentagens de resistência aos antibióticos, concomitantemente com o decréscimo das infecções a Hib: a produção de β -lactamase decresceu de 26,9% para 11%; não se detectam estirpes multiresistentes (resistência simultânea à ampicilina, cloranfenicol, tetraciclina) desde 1996, quando anteriormente esta percentagem era de 34,4%. Assistimos agora à emergência de novos mecanismos de resistência, principalmente de estirpes BLNAR. Conclusão: Os nossos resultados revelam uma alteração na epidemiologia da infecção invasiva a H. influenzae dez anos após a introdução da vacina, com um aumento de estirpes NC e a caracterização de outros serótipos, como serótipos a, d e f, o que nos demonstra a importância de dar continuidade a esta monitorização através de mais e melhores estudos de vigilância. Referências Bibliográficas: • Bajanca P, Caniça M, & the Multicenter Study Group. J Clin Microbiol 2004; 42:807-10. • Barbosa R, Giufrè M, Cerquetti M, & Bajanca-Lavado, P. J Antimicrob Chemother 2011; 66:788-96. • Calado R, Betencourt C, Gonçalves H, Cristino N, Calhau P & Bajanca-Lavado, P. Diagn Microbiol Infect Dis 2011; 69:111-13. • Campos J, Hernando M, Román F, Pérez-Vazquez M, Aracil B, Oteo J et al, J Clin Microbiol 2004; 42:524-9. • Clinical and Laboratory Standards Institute. M100-S19. CLSI, Wayne, PA, USA, 2009. • Falla T, Crook D, Brophy L, Maskell D, Kroll J, Moxon E. J Clin Microbiol 1994; 32:2382-86. • Ladhani S, Slack M, Heath P, von Gottberg A, Chandra M. Ramsay M & EUIBIS participants. Emerg Infect Dis 2010; 16:455-63. • Peltola H. Clin Microbiol Rev 2000; 13:302-17. • Tristam S, Jacobs M & Appelbaum P. Clin Microbiol Rev 2007; 20:368-89. • Ulanova M, Tsang R. Infect Genet Evol 2009; 9:594-605. • Wenger D. Pediatrr Infect Dis J 1998; 17 (Suppl.9):S132-36.
- Resistências:epidemiologia e diagnóstico laboratorialPublication . Silva, Anabela
- Programa de monitorização da qualidade microbiológica das areias - resultados de 5 anosPublication . Sabino, RaquelEnquanto que os potenciais impactos dos microrganismos existentes nas águas das praias têm nos banhistas têm sido sujeitos a atenção, pouca atenão tem sido dada à qualidade microbiológica das areias. 33 praias de todo o país (Portugal) foram analisadas durante 5 anos (2006-2010) para determinara a presença de leveduras, fungos potencialmente patogénicos, dermatófitos, coliformes totais, E. coli e enterococcus intestinais.60.4% das amostras forsm positivas para os fungos pesquisados e 25.2% para os parâmetros bacteriológicos determinados. Candida sp. e Aspergillus sp. foram os fungos mais frequentemente isolados, enquanto que os enterococcus intestinais foram as bactérias mais frequentemente isoladas. Foram detectadas associações positivas entre os parâmetros pesquisados e as diferentes regiões do país mas não com os diferentes períodos de colheita. No que respeita a valores-limite propostos, sugerimos 15 cfu/g para leveduras, 17 cfu/g para fungos potentialmente patogenicos, fungi, 8 cfu/g para dermatófitos, 25 cfu/g para E. coli e 10 cfu/g para os enterococcos intestinais.
- Microareias dermatófitosPublication . Sabino, RaquelOs dermatófitos são fungos queratinofílicos muito associados a infecções cutâneas, denominadas de dermatofitoses. As areias das praias poderão ser uma fonte de infecção por estes fungos. É, pois, necessário ter atenção às características deste grupo fúngico e ao modo de transmissão da infecção de modo a evitar a sua propagação.
- Tuberculose Humana - panorama actualPublication . Silva, AnabelaTuberculose Humana – Panorama actual Anabela Santos Silva Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Departamento de Doenças Infecciosas, Laboratório Nacional de Referencia para Micobactérias, Porto anabela.silva@insa.min-saude.pt A tuberculose é uma doença quase tão antiga como a própria Humanidade. De facto foram encontradas, um pouco por todo o lado, vértebras humanas com idades a variarem entre os 6000 e os 8000 anos AC apresentando lesões sugestivas de tuberculose óssea. Após tantos anos de convívio, era de esperar que o Homem tivesse já conseguido vencer esta epidemia, mas, mais de cem anos após a identificação do agente responsável, a tuberculose continua a ser uma das doenças mais prevalentes. De acordo com os dados da OMS, em 2009 surgiram 9,4 milhões de novos casos (139 casos por 100 mil habitantes) e ocorreram 1,3 milhões de mortes por tuberculose. Actualmente, uma das maiores dificuldades no controlo da tuberculose resulta do aparecimento das formas multirresistentes e extensivamente resistentes. Estas formas de tuberculose exigem esquemas de tratamento mais prolongados, com fármacos menos eficazes e mais tóxicos. Estima-se que a nível mundial tenham surgido 250 mil novos casos de tuberculose multirresistente em 2009, dos quais apenas 30 mil foram diagnosticados. Na Europa, em 2009 foram notificados por 51 países cerca de 397 mil casos de tuberculose, o que corresponde a 44,4 casos por 100 mil habitantes. Foram igualmente registados cerca de 28 mil casos de multiresistência e o número de doentes com tuberculose extensivamente resistente triplicou, passando de 132 casos em 2008 para 344 em 2009. Em Portugal temos vindo a assistir a um decréscimo sustentado da taxa de incidência de tuberculose. Entre 2001 e 2010 observou-se uma diminuição média anual de 6,4%. Em 2010 registaram-se 2372 novos casos, ou seja, 22,3 por 100 mil habitantes. Isto faz com que Portugal seja o único país da Europa Ocidental com uma taxa de incidência intermédia. Em relação à multiresistência, Portugal apresenta um valor comparável à mediana da União Europeia, com um valor médio de 1,5 % do número total de casos de tuberculose em 2009. Para a consolidação do declínio da taxa de incidência e para o controlo da multiresistência, são fundamentais a detecção e a cura da doença. Estes dois objectivos do Plano Nacional de Luta contra a Tuberculose foram superados, sendo que Portugal apresenta uma taxa de detecção de 91% e uma taxa de cura de 87%. Actualmente, aliados aos métodos mais clássicos de diagnóstico, contamos também com os métodos moleculares. Estes permitiram encurtar significativamente o tempo necessário para o diagnóstico de tuberculose. Assim, por exemplo, associando o resultado do exame directo com o resultado do teste de amplificação de ácidos nucleicos podemos fazer o diagnóstico de uma tuberculose pulmonar em 48 horas. De igual forma podemos fazer a pesquisa de genes de resistência aos fármacos contribuindo assim para a rápida alteração do esquema terapêutico, nos casos em sejam detectadas resistências. Referências Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose: Ponto da Situação epidemiológica e de Desempenho. Relatório para o dia Mundial da Tuberculose Março 2011, DGS Global tuberculosis control:WHO report 2010, Geneva, WHO ECDC/WHO for Europe. Tuberculosis Surveillance in Europe 2009, Stockholm: ECDC 2011
- A Bioinformática na Identificação dos Processos Moleculares de Interacção entre o Agente Patogénico e o HomemPublication . Borges, V.; Nunes, A.; Ferreira, R.; Borrego, M.J.; Gomes, João PauloQualquer processo infeccioso caracteriza-se por um “braço de ferro” contínuo entre o agente patogénico e o Homem. Se por um lado, o Homem tenta debelar a infecção através da complexa rede celular que caracteriza a resposta imunitária, por outro, o agente patogénico tenta escapar a essa resposta através da acumulação de mutações no seu genoma. De um modo geral, as mutações num gene podem ser sinónimas (quando não originam uma alteração de aminoácido) ou não-sinónimas (quando a proteína correspondente é alterada), sendo estas últimas, quando vantajosas, as principais responsáveis pela adaptação do agente infeccioso ao hospedeiro. A fixação de alterações não-sinónimas vantajosas resulta de um processo evolutivo denominado de “selecção positiva”. A bioinformática surge nos últimos anos como uma ferramenta acessível e indispensável para a análise dos dados genómicos que diariamente são gerados de forma exponencial. Neste âmbito, a bioinformática tem sido essencial, por exemplo, para a identificação dos processos moleculares de interacção entre o agente patogénico e o Homem, que decorrem durante o processo infeccioso. Na presente comunicação, a utilidade desta valência computacional é ilustrada tomando como modelo o processo infeccioso despoletado pela bactéria Chlamydia trachomatis. De facto, esta bactéria intracelular é caracterizada por um perfil bem definido de infecções no Homem, cujos diversos genótipos afectam distintamente o tecido ocular, os órgãos genitais e os nódulos linfáticos inguinais (via macrófagos), orgãos estes que exercem uma pressão selectiva distinta (resposta imunitária, pH, flora comensal, etc) sobre a bactéria. Através da utilização de várias plataformas de bioinformática para a análise específica das mutações que distinguem os vários genótipos de Chlamydia trachomatis, é possível identificar genes, que por força de uma selecção positiva, estão hipoteticamente envolvidos na adaptação/invasão aos vários tipos de células humanas infectadas, nomeadamente, células epiteliais das mucosas ocular e genital, e macrófagos. Noutras vertentes, este tipo de análise de detecção de selecção positiva teve já aplicações no desenvolvimento de uma vacina para o VIH bem como no esclarecimento da evolução da virulência do vírus Influenza, e pode ser aplicado a todo o sistema biológico.
- O Haemophilus influenzae não capsulado como agente responsável por conjuntivites em criançasPublication . Bajanca-Lavado, Maria Paula; Betencourt, Célia; Cristóvão, Paula; Grupo de Estudo GEMVSAIntrodução: A conjuntivite aguda a Haemophilus influenzae (Hi) não capsulado (NC) é uma das infecções oculares mais comuns, especialmente em crianças menores de 1 ano. O objectivo deste trabalho é a caracterização fenotípica e genotípica das estirpes isoladas após a implementação da vacina para o Hi serótipo b (Hib) no Plano Nacional de Vacinação (PNV). Métodos: Foram caracterizadas 514 estirpes de Hi isoladas de crianças com conjuntivite. As estirpes foram coleccionadas entre Janeiro de 2001 e Maio de 2011 de diversos Laboratórios Hospitalares geograficamente dispersos em Portugal e que fazem parte do Grupo de Estudo Multicêntrico de Vigilância da Susceptibilidade aos Antibióticos (GEMVSA). A produção de β-lactamase foi pesquisada com nitrocefin. A determinação da concentração inibitória mínima (CIM, mg/L) foi realizada pelo método de microdiluição em placa e analisada de acordo com os “breakpoints” estabelecidos pelo CLSI. Foi efectuada a pesquisa de cápsula e caracterizado o serótipo capsular (a a f) por Polymerase Chain Reaction. Resultados: Sessenta e nove estirpes (13,4%) eram resistentes à ampicilina por produção de beta-lactamase. No grupo de estirpes não produtoras de β-lactamase detectaram-se 18 estirpes (4%) com diminuição da susceptibilidade à ampicilina (CIM ≥2 mg/L). Estas estirpes designam-se por BLNAR (β-lactamase negativas e resistentes à ampicilina). O Trimetoprim/Sulfametoxasol (SXT) foi o antibiótico que apresentou a percentagem de resistência mais elevada, com 27,8% das estirpes (143/514). Em relação ao serótipo capsular, 510 das 514 estirpes (99,2%) foram caracterizadas como NC. Conclusões: Neste estudo verificámos que as estirpes isoladas de crianças com conjuntivite têm um maior nível de resistência à ampicilina, por produção de β-lactamase (13,4%), quando comparadas com a totalidade das estirpes isoladas de todas as infecções e de todas as idades, coleccionadas nos mesmos anos de estudo (média de 10%, entre 2001 e 2010). Gostaríamos de salientar a importância da crescente caracterização de estirpes de fenótipo BLNAR. Demonstramos, ainda, a importância do HiNC como agente responsável pela conjuntivite em crianças. Estudos desta natureza, que permitam seguir a epidemiologia da infecção a Hi no período pós introdução da vacina no PNV, devem ser incentivados. A sua contribuição para o estabelecimento de uma terapia empírica eficaz representa ganhos em Saúde Pública.
