DEP - Dissertações de mestrado
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- Harmonização dos valores de anticorpos IgG contra a proteína Spike do vírus SARS-CoV-2Publication . Saraiva, Ana Leonor Fonseca; Afreixo, Vera; Gaio, VâniaO surgimento da COVID-19 conduziu ao rápido desenvolvimento de vacinas e testes de diagnóstico. Para avaliar a resposta de anticorpos IgG contra a proteína Spike do vírus SARS-CoV-2 (IgG anti-S SARS-CoV-2) em profissionais de saúde do meio hospitalar, foi realizado um estudo de coorte entre 2020 e 2022 em três centros hospitalares portugueses: Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Os níveis de anticorpos foram medidos em seis momentos: antes da vacinação, após vacinação completa, aos 3, 6 e 12 meses após a segunda dose, e após a dose de reforço. Cada hospital utilizou um método analítico distinto: CMIA da Abbott, ECLIA Elecsys® da Roche e ADVIA Centaur® da Siemens, o que gerou desafios na comparabilidade dos dados. O presente estudo teve como objetivo harmonizar os anticorpos IgG anti-S SARS-CoV-2 entre os hospitais para permitir uma análise conjunta e uma melhor compreensão da dinâmica da imunidade nos profissionais de saúde em Portugal. Para assegurar uma conversão adequada dos títulos de anticorpos obtidos por métodos laboratoriais diferentes, foram aplicadas e comparadas várias estratégias de harmonização, nomeadamente a conversão internacional proposta pela Organização Mundial da Saúde (WHO) e a interpolação de quantis, seguida da aplicação de regressão de Deming. A interpolação de quantis seguida de regressão revelou-se mais eficaz do que a conversão recomendada pela OMS, ao preservar as características individuais de distribuição dos dados de cada hospital e ao permitir que os valores harmonizados refletissem a escala e a magnitude do método usado como referência (CMIA da Abbott). Após a harmonização, observou-se o padrão esperado de tendência temporal do título de anticorpos, com um aumento acentuado após a vacinação, seguido de um declínio ao longo dos meses e, por fim, um novo aumento mais pronunciado após a dose de reforço. Embora não tenha sido realizada uma validação laboratorial através da análise cruzada das amostras, uma limitação importante para a confirmação definitiva da abordagem, a metodologia demonstrou ser prática, reprodutível e com elevado potencial de aplicação em estudos multicêntricos e multinacionais que requerem a integração de dados serológicos obtidos por diferentes plataformas, nomeadamente no âmbito de colaborações europeias e internacionais. Após a harmonização, a análise estatística recorreu a modelos mistos para avaliar a evolução do título de anticorpos ao longo do tempo e a regressões lineares para analisar separadamente cada fase. Os modelos mistos evidenciaram aumentos significativos após a vacinação e o reforço, destacando diferenças entre os centros hospitalares. Nas análises por fase, além das variações entre os centros hospitalares no período pós-reforço, observou-se que indivíduos acima dos 50 anos apresentaram uma resposta imunitária superior. Estes resultados sugerem que tanto as características individuais como as diferenças institucionais influenciaram a resposta imunitária dos profissionais de saúde.
- Exposição ocupacional e infeção por SARS-CoV-2 nos profissionais de saúde no contexto hospitalarPublication . Fernando, Paulo Ney Solari; Machado, Ausenda; Leite, EmaIntrodução: A doença do coronavírus descoberta em 2019 (COVID-19) é uma doença provocada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Devido a alta taxa de transmissibilidade do vírus e o contato próximo decorrente da prestação de cuidados, os profissionais de saúde representam uma população importante a ser estudada. O objetivo deste estudo consiste em avaliar se trabalhar num serviço dedicado ao acompanhamento de doentes com COVID-19 aumenta o risco de infeção por SARS-CoV-2 nos profissionais de saúde. Métodos: Realizou-se uma análise secundária de dados resultante do seguimento de uma coorte longitudinal com componente retrospetiva e prospetiva dos profissionais de saúde no contexto hospitalar. Fizeram parte da corte inicial, 3 034 profissionais de saúde seguidos durante um ano, porém o seguimento para este estudo foi de duas semanas. Foi considerado como exposto a dedicação exclusiva ao doente com COVID-19 e outcome a confirmação laboratorial de SARS-CoV-2 através do teste molecular RT-PCR, sendo o preenchimento destas consideradas como critério de inclusão. Foi utilizado o modelo de regressão de Poisson com a função de ligação logaritmo, com a utilização do estimador robusto do erro padrão de modo a estimar o risco de infeção por SARS-CoV-2 nos profissionais de saúde. Aceitou-se um nível de significância de 5%. Resultados: Foram analisados 747 profissionais de saúde, 126 com dedicação exclusiva e 621 sem dedicação exclusiva, a média de idade entre os grupos foi de 41,7 e 45,5 anos, respetivamente. A maior parte dos profissionais de saúde que fizeram parte da coorte foram profissionais de saúde com prestação direta de cuidados aos doentes, o que corresponde a 75,9% (n = 567). Não houve diferença estatisticamente significativa (p = 0,705) entre os grupos de dedicação exclusiva e não exclusiva no que diz respeito ao resultado positivo no teste de COVID-19. No que concerne ao risco relativo de infeção por SARS-CoV-2 nos profissionais com dedicação exclusiva em comparação com profissionais sem dedicação exclusiva, não houve aumento do risco bruto e ajustado para confundimento, uma vez que o risco relativo bruto foi 0,90 (IC95%: 0,523-1,551) e o ajustado foi 1,011 (IC95%: 0,974-1,049). Não seguir as recomendações de prevenção e controlo da infeção aumentaram o risco de infeção em 1,452 vezes no grupo de DE (IC95%: 1,354-2,026) e 1,998 (IC95%: 1,354-2,026) nos profissionais de saúde que exerceram atividades geradoras de aerossóis. Conclusão: Trabalhar exclusivamente com doentes com COVID-19 não aumentou o risco de infeção por SARS-CoV-2, porém, o risco é aumentado para os profissionais de saúde que não seguiram as medidas de prevenção e controlo da infeção.
- Análise do teor de contaminantes químicos em alimentos provenientes de áreas ardidas na região CentroPublication . Sequeira, Maria Catarina Gil; Dias, Deodália Maria Antunes; Namorado, SóniaOs incêndios florestais são fenómenos que impactam o meio natural. Durante um incêndio, a combustão da matéria orgânica e subsequente deposição de cinzas, induz alterações nos solos. Especificamente, o aumento da temperatura nas camadas superficiais promove a quebra de ligações em compostos organometálicos, favorável à libertação e acréscimo de metais nos solos ardidos. Através da absorção radicular, as espécies vegetais acumulam teores elevados destes e, caso se destinem ao consumo humano, tornam-se numa fonte de exposição a contaminantes. Sendo Portugal um dos países europeus com elevada incidência de incêndios florestais, o presente trabalho teve como objetivos quantificar o teor de contaminantes químicos inorgânicos em alimentos colhidos em 2019 nas áreas afetadas pelos incêndios de 2017 na região Centro, averiguar o risco de exposição das populações locais associado ao consumo desses alimentos e avaliar a evolução dos teores de contaminantes químicos entre 2017 e 2019. Foram analisados alimentos frequentemente consumidos pelas populações locais. Foi efetuada a quantificação de crómio (Cr), cobalto (Co), arsénio (As), cádmio (Cd) e chumbo (Pb), em amostras de batata, cebola, couve e ovos, colhidas em 2019, utilizando espectrometria de massa acoplada a plasma indutivo. Analisando os resultados obtidos, verificou-se que nenhuma amostra apresentou teores superiores à legislação em vigor. A ingestão dos alimentos analisados não parece contribuir de forma significativa para a exposição humana aos contaminantes químicos analisados, não evidenciando riscos para a saúde das populações locais. Comparando com amostras controlo, as amostras de couve analisadas apresentam teores superiores de Cr e Pb para a maioria dos produtores, e em alguns casos, teores superiores de Co, As e Cd. Entre 2017 e 2019, verificou-se um aumento na média do teor de Cr e uma diminuição na média do teor de As para as amostras de batata e couve. Ainda, nas amostras de batata observou-se uma redução na média do teor de Cd, enquanto nas amostras de couve, se verificou um aumento na média do teor de Pb.
- Fase Pré-analítica na Morfologia ParasitáriaPublication . Jesus, Lúcia Margarida Coelho de; Costa, Quirina dos SantosAs infeções parasitárias constituem um importante problema de saúde pública e embora sejam mais prevalentes nos países em desenvolvimento, também sucedem nos países desenvolvidos, principalmente, devido à crescente mobilidade das populações. O método laboratorial mais utilizado para o diagnóstico de diversas parasitoses, continua a ser a deteção e a identificação microscópica das estruturas parasitárias, nos produtos biológicos. Nesta área, tal como em todas as outras, para assegurar resultados adequados, a fase pré-analítica não pode ser negligenciada. Diversos estudos indicam que a maioria dos erros laboratoriais sucedem na fase pré-analítica, sendo imprescindível controlar a qualidade da mesma. Os laboratórios clínicos devem instituir um sistema de garantia da qualidade que inclua a participação em programas de avaliação externa da qualidade, que possibilitem aferir todo o processo laboratorial. Por conseguinte, foram desenvolvidas metodologias no Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade (PNAEQ), com o objetivo de possibilitar a aferição dos procedimentos da fase pré-analítica, no âmbito da morfologia parasitária. O PNAEQ constitui uma das atribuições do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P. (INSA, I.P.) e está inserido na Unidade de Avaliação Externa da Qualidade, do Departamento de Epidemiologia. As metodologias desenvolvidas foram implementadas no programa de Avaliação da Fase Pré-Analítica do PNAEQ, em 2019, e o desempenho dos laboratórios participantes é avaliado no presente estudo. Relativamente aos resultados obtidos, evidenciam a necessidade de harmonização de procedimentos quer entre colaboradores de um mesmo laboratório, quer entre laboratórios. Deverá continuar a realizar-se a avaliação da fase pré-analítica na área da morfologia parasitária, com o intuito de contribuir para a harmonização de procedimentos e para a melhoria do desempenho laboratorial e, consequentemente, da prestação de serviços aos utentes. Por outro lado, também é necessário que o PNAEQ continue a promover ações de formação e reuniões que sensibilizem os laboratórios para a importância das fases extraanalíticas, na obtenção de resultados confiáveis, assim como incentivar a participação no programa de Avaliação da Fase Pré-Analítica, pois tem-se verificado ao longo dos anos uma reduzida taxa de participação.
- Aplicação da Metodologia Seis Sigma na Avaliação dos Resultados Laboratoriais dos Parâmetros Ferro, Ferritina e TransferrinaPublication . Rodrigues, Ana Catarina de Oliveira; Requeijo, JoséOs distúrbios do Ferro estão entre as doenças mais comuns do metabolismo. Por se tratar de um sistema interligado, as alterações dos níveis séricos do Ferro influenciarão os níveis dos parâmetros Ferritina e Transferrina. Desta forma, o diagnóstico do metabolismo do Ferro no utente deve incluir um perfil hematológico completo com a inclusão dos parâmetros Ferritina e Transferrina. Desta maneira torna-se essencial assegurar que a determinação da concentração sérica através de exames laboratoriais seja precisa e exata. A variabilidade dos resultados interlaboratoriais, para o mesmo parâmetro em análise é um dos principais problemas de qualidade laboratorial, identificada através da participação em programas de avaliação externa da qualidade, que tem como principal objetivo assegurar a comparabilidade dos resultados entre laboratórios. A harmonização e normalização dos resultados entre laboratórios minimizam as diferenças e garantem a qualidade dos serviços prestados, na medida em que os tornam equivalentes. Esta dissertação tem como principal objetivo a implementação de ações de melhoria que permitam diminuir a variabilidade dos resultados laboratoriais referente à concentração das amostras, enviadas pelo Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade (PNAEQ), relativamente aos parâmetros Ferro, Ferritina e Transferrina. De forma a atingir este objetivo e assegurar o desenvolvimento do projeto, utilizou-se a abordagem Seis Sigma como metodologia, métrica e sistema de gestão, através da aplicação do ciclo DMAIC (Define Measure Analyze Improve e Control), um método dinâmico que permite a melhoria dos processos em estudo pelo uso de diversas técnicas e ferramentas da qualidade. Após a avaliação e quantificação do nível de qualidade Sigma inicial, foram identificadas as causas da variabilidade interlaboratorial e implementadas ações de melhoria que levaram ao aumento do nível de qualidade Sigma em todos os parâmetros em estudo. O parâmetro Ferro obteve um nível de qualidade sigma final de 3,0 atingindo assim a meta proposta. Os parâmetros Ferritina e Transferrina obtiveram um nível final de qualidade sigma de 2,4 e 2,3. Consequentemente, de forma a manter a harmonização dos resultados laboratoriais ao longo do tempo, foi implementado um plano de controlo e monitorização que assegure a melhoria contínua dos ganhos obtidos.
- O papel do médico de família na consciencialização do diagnóstico do doente diabéticoPublication . Gonçalves, Susana Cunha; Nunes, BaltazarIntrodução: A diabetes mellitus (DM) é uma doença de elevada prevalência em Portugal e no Mundo. A história natural da DM é maioritariamente silenciosa, sendo um dos desafios atuais é o seu subdiagnóstico. No entanto, o subdiagnóstico, não é o único fator associado à consciencialização (awareness). Outros fatores também o são, como: acesso aos cuidados de saúde e qualidade desses cuidados, bem como fatores individuais. O aumento da consciencialização dos doentes acerca da sua doença é fundamental para prevenir (ou protelar) o aparecimento de complicações e para diminuir o peso global da doença associado à DM. Este estudo teve como objetivo principal, estimar a associação entre a existência de médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) atribuído pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o awareness de DM, em doentes a residir em Portugal há mais de 12 meses, no ano de 2015. Material e métodos: Estudo epidemiológico observacional, transversal, analítico com base na análise secundária dos dados obtidos no Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF) entre fevereiro e dezembro de 2015. Dos 4911 participantes no INSEF, foram estudados os 495 que cumpriam os critérios de inclusão utilizados para diagnóstico de DM. As variáveis foram divididas: na variável outcome, awareness; na variável de exposição: “ter médico de MGF atribuído pelo SNS”; e num grupo com outras variáveis independentes consideradas potencias fatores de confundimento (sociodemográficos e económicos). A análise estatística foi realizada através dos programas: IBM® SPSS® Statistics e STATA® (com uma parte descritiva, seguida de uma parte inferencial) que permitiu estimar a associação entre o doente ter médico MGF atribuído pelo SNS e o conhecimento da DM ajustado para confundimento. Resultados: A maioria dos diabéticos portugueses identificados tinham MGF atribuído (89,7%), e destes a maioria estava consciencializado da doença (90,8%). Não foi encontrada associação entre a consciencialização e outras variáveis independentes como: sexo, idade, nível de escolaridade, força econômica ou renda. Observou-se uma associação positiva entre a existência de médico de MGF atribuído pelo SNS e o awareness da DM em doentes, expressa por um OR = 6.47 (IC 95%: 2.29 – 18.30) e uma PR = 1.46 (IC 95%: 1.01 – 2.10), ajustado para o confundimento. Discussão: Apesar das limitações inerentes ao estudo, o papel do médico de MGF, na consciencialização do diagnóstico do doente diabético, sai fortalecido tendo em conta os resultados obtidos nesta investigação. Um doente consciencializado da sua própria patologia e informado das suas possíveis complicações, encontra-se mais apto para aderir às terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas que diminuem o risco de as vir a desenvolver.
- Point-of-Care na Região Autónoma dos Açores. Caracterização sociodemográfica da utilização por profissionais de saúde: Perspectivas futuras no âmbito da telemedicina (mHealth)Publication . Noronha, Ricardo Teles Homem de; Marques, Maria Cristina Crespo Ferreira da Silva; Faria, Ana Paula Andrade dePoint-of-Care, POCT, dispositivos médicos de diagnóstico in vitro ou dispositivos à cabeceira do utente, são termos que descrevem aparelhos ou dispositivos de diagnóstico que podem ser utilizados no local de saúde imediato, podendo este ser a cabeceira do utente, um local de emergência ou um local de prestação de cuidados de saúde. Estes equipamentos são capazes de gerar resultados analíticos qualitativos e/ou quantitativos. A utilização destes equipamentos, ao longo dos últimos anos, começou a ser percepcionada como uma potencial mais valia na determinação de parâmetros analíticos cada vez mais complexos e/ou na organização e prestação de cuidados de saúde. No entanto, a utilização destes equipamentos, como qualquer instrumento analítico, pode estar sujeito a diversos factores que podem afectar a qualidade dos resultados por estes emitidos. A Região Autónoma dos Açores apresenta diversos desafios, principalmente geográficos, no que concerne à acessibilidade aos cuidados de saúde, nomeadamente aos resultados de métodos complementares de diagnóstico e terapêutica em tempo útil. Tendo em conta esses desafios, é patente ao longo da última década uma estratégia clara de adopção de equipamentos Point-of-care em ilhas onde não existem unidades hospitalares. A implementação destes equipamentos nos serviços públicos de saúde nos Açores teve início em setembro de 2013 na ilha do Pico, através da adopção de equipamentos multiparamétricos como o Afinion e o i-STAT. Decorrida meia década da utilização formalizada destes equipamentos na região, a presente dissertação pretendeu conhecer a realidade relativamente à utilização dos Point-of-care em instituições de saúde nos Açores. Neste sentido, foi feita uma caracterização sociodemográfica dos profissionais de saúde, uma descrição da natureza e frequência de utilização dos Point-of-care, bem como um levantamento das opiniões das diversas classes profissionais relativamente a estes equipamentos.
- O efeito dos fatores comportamentais na tensão arterial da população portuguesa sob anti-hipertensores: resultados do 1.º Inquérito Nacional de Saúde com Exame FísicoPublication . Salvador, Mário Rui Arrifano; Nunes, Baltazar; Rodrigues, Ana PaulaIntrodução: A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para incapacidade e morte por doenças cardiovasculares. Orientações atuais preconizam medidas não farmacológicas de controlo dos valores tensionais centradas em mudanças do estilo de vida. Este estudo teve como objetivo principal estimar a associação entre fatores comportamentais de estilo de vida e a tensão arterial (TA) na população portuguesa sob anti-hipertensores. Material e Métodos: Realizou-se um estudo transversal, com análise dos dados colhidos no 1º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico 2015. Foram estudados os indivíduos que referiram encontrar-se sob medicação anti-hipertensora nas duas semanas prévias à entrevista. As variáveis comportamentais (consumo adicional de sal, consumo de álcool, consumo de frutos e vegetais, prática de atividade física, hábito tabágico) foram medidas por questionário e os valores de TA sistólica (TAS) e diastólica (TAD) foram obtidos por exame físico. Foram estimadas associações entre as variáveis comportamentais e os valores médios de TA, estratificadas por sexo e ajustadas para variáveis sociodemográficas e obesidade através de um modelo de regressão linear múltipla. Resultados: O consumo de álcool (ß=6,310, IC95% 1,875;10,744) e o hábito tabágico (ß=4,724, IC95% 0,848;8,599) apresentaram-se positivamente associados à média da TAS, em homens, aumentando em média, respetivamente, em 6,3 mmHg e 4,7 mmHg os valores de TAS. O consumo adicional de sal, o consumo de frutos e vegetais e a prática de atividade física não apresentaram associação estatisticamente significativa com os valores de TA, em homens. Nas mulheres, nenhuma associação foi estatisticamente significativa para qualquer variável comportamental. Discussão: Os resultados demonstram, assim, que alterações dos estilos de vida da população portuguesa masculina sob anti-hipertensores, nomeadamente redução dos hábitos tabágicos e hábitos alcoólicos, apresentam um potencial importante em termos de controlo de valores de TAS e, consequentemente, de prevenção de eventos cardiocerebrovasculares.
- Utilização dos Cuidados de Saúde em Doentes com Multimorbilidade em Portugal, em 2015Publication . Romana, Guilherme Dias Quinaz Trigo; Dias, Carlos MatiasIntrodução: A presença de múltiplas doenças crónicas, em simultâneo, no mesmo indivíduo é um problema de saúde pública cada vez mais relevante para os sistemas de saúde. Os doentes com multimorbilidade têm necessidades de saúde acrescidas, o que representa um ónus elevado na utilização dos cuidados de saúde. Tanto nos Estados Unidos da América (EUA) como na Europa, estima-se que entre 70% a 80% do orçamento total de saúde seja destinado às doenças crónicas. Na Europa, os doentes com multimorbilidade são responsáveis por até 78% das consultas nos cuidados de saúde primários. O seu peso é igualmente elevado nos cuidados hospitalares nos EUA, com um risco até 14,6 vezes superior de internamento e com um tempo de hospitalização 25 vezes mais longo em relação aos doentes sem doenças crónicas. Métodos: Este estudo foca-se na análise da associação entre a multimorbilidade e a utilização dos cuidados de saúde na população portuguesa, entre os 25 e os 74 anos de idade, assim como na descrição da prevalência da multimorbilidade em Portugal e na análise da utilização dos cuidados de saúde por grupo de doenças crónicas específicas e por cada doença crónica adicional. Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, analítico e transversal que tem como fonte de informação a base de dados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF) cuja recolha de dados decorreu em 2015. Foi estudada a associação entre as variáveis socioeconómicas e a utilização dos cuidados de saúde, nos doentes com multimorbilidade. Foi construído um modelo de regressão logística estratificado para o sexo e ajustado para as variáveis socioeconómicas. Resultados: A prevalência de multimorbilidade na população portuguesa foi de 38,3% (IC95% 35,4% a 41,3%). Nos doentes com multimorbilidade verificou-se uma maior utilização de consultas de cuidados de saúde primários, consultas hospitalares e internamentos. Nestes doentes foi observada associação estatisticamente significativa entre o sexo feminino, escalões etários mais velhos e níveis educacionais mais baixos e a maior utilização dos cuidados de saúde. A utilização dos serviços de saúde era mais elevada no grupo das doenças do foro mental e das patologias músculo-esqueléticas, embora não se tenha verificado o aumento proporcional da utilização dos cuidados por doença crónica adicional. Conclusões: Apesar da diversidade metodológica presente neste tipo de trabalhos, os resultados observados neste estudo estão em linha com a literatura internacional. A existência de evidência científica, para a realidade nacional, quanto à utilização dos serviços de saúde por doentes com multimorbilidade, poderá sustentar alterações nas políticas de saúde que permitam uma gestão mais eficiente destes doentes.
- Desigualdades socioeconómicas na distribuição da prevalência de anemia em Portugal em 2015Publication . Gomes, Catarina Isabel Samões; Nunes, Baltazar; Barreto, MartaIntrodução: A anemia constitui um problema global de saúde pública, com significativas consequências adversas para a saúde e impacto negativo no desenvolvimento social e económico. Pretende-se com este estudo estimar a prevalência da anemia na população portuguesa de acordo com o nível socioeconómico e identificar fatores de risco. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal exploratório-descritivo utilizando dados do I Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015), baseado numa amostra representativa de 4911 adultos residentes em Portugal com idades entre os 25 e 74 anos em 2015. Foi estimada a prevalência total de anemia e estratificada por variáveis de caracterização física, cultural e socioeconómica. A análise das desigualdades socioeconómicas e fatores de risco foi realizada através da estimativa de odds ratio com um intervalo de confiança de 95%. Resultados: A prevalência geral de anemia foi de 5,5% (IC95%: 4,7; 6,4). A anemia foi mais prevalente nas mulheres do que nos homens (7,8% vs. 3,1%), entre os participantes sem atividade profissional e com comorbidades crónicas. Foi identificado como fator de risco importante para a população feminina pertencer ao grupo etário entre os 35 e os 54 anos. Os fatores de risco para a população masculina incluem pertencer ao grupo etário entre os 65 e os 74 anos, sofrer de cancro e insuficiência renal crónica. Discussão e Conclusão: Embora a prevalência de anemia seja mais elevada em grupos socioeconomicamente mais desfavorecidos, a análise da associação entre os determinantes socioeconómicos e a prevalência de anemia não nos permite identificar os mesmos como fatores preditores da anemia. Estes resultados podem contribuir para o desenvolvimento ou manutenção de políticas e programas direcionados para reduzir as desigualdades em educação, rendimento e acesso aos serviços.
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