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- Monitorização de cianobactérias e cianotoxinas na albufeira do roxo Ocorrência, persistência e emergência de novas espéciesPublication . Menezes, Carina; Martins, Olga; Dias, ElsaA albufeira do Roxo, localizada na bacia hidrográfica do Rio Sado, tem como principais utilizações o fornececimento de água para consumo humano e rega para os concelhos de Aljustrel e Beja.Trata-se de uma albufeira eutrofizada, e localizada numa região sujeita a temperaturas elevadas e a secas, pelo que reune condições favoráveis à ocorrência de florescências de cianobactérias. No verão de 2015, registou-se na albufeira um denso bloom cianobacteriano composto por uma grande diversidade de espécies. Inclusivamente, foi detetada a presença de algumas cianobactérias nas amostras de água tratada à saída da Estação de Tratamento (ETA). A água fornecida às populações abastecidas por essa albufeira apresentava um odor desagradável e a análise de compostos orgânicos voláteis (geosmina, 2-MIB), foi positiva. As cianobactérias predominantes na albufeira (Planktothrix sp., Aphanizomenon sp. e Cylindrospermopsis sp.) estão descritas como produtoras desses compostos. Por outro lado, foram detectadas cianotoxinas na água bruta, ainda que em concentrações abaixo dos limites legais estabelecidos na legislação portuguesa (microcistinas) e de outros países (cilindrospermospinas, saxitoxina). Neste contexto, foi estabelecida uma colaboração entre o Instituto Ricardo Jorge (INSA) e a AgdA- Águas Públicas do Alentejo, como entidade gestora em “alta”, com o objectivo de estudar a dinâmica de ocorrência de cianobactérias na albufeira. Neste trabalho, apresentam-se os resultados do perfil da comunidade fitoplanctónica, em função da sua distribuição geográfica e ao longo da coluna de água, bem como dos compostos produzidos por cianobactérias (COVs e toxinas). Por outro lado, apresentam-se os resultados da análise a parâmetros fisico-químicos da massa de água, de forma a identificar eventuais causas associadas às florescências. Foi também avaliada a ocorrência e viabilidade de cianobactérias na água tratada (saída da ETA e reservatórios de distribuição). Desta forma, pretendeu-se avaliar a eficácia de medidas de gestão na melhoria da qualidade da água da albufeira, designadamente o transvase de água a partir da albufeira do Alqueva e o melhoramento dos processos na ETA, e identificar os locais na albufeira mais favoráveis à captação de água para consumo humano.
- Níveis de risco de ocorrência de cianobactérias tóxicas em águas doces superficiaisPublication . Menezes, Carina; Churro, Catarina; Dias, ElsaO crescimento massivo de cianobactérias (florescência) em águas doces superficiais é um fenómeno comum em Portugal. As florescências cianobacterianas constituem um risco para a saúde pública uma vez que algumas espécies produzem compostos que induzem efeitos toxicos agudos e/ou crónicos. As cianotoxinas mais comuns são as microcistinas, que para além de induzirem hepatotoxicidade aguda, são classificados pela IARC (International Agency for Research on Cancer) como possivelmente cancerígenas para o Homem. A exposição humana a estes compostos ocorre atráves da ingestão de água contaminada (bruta ou indevidamente tratada), da inalação de aerossóis ou por via intravenosa durante o tratamento em unidades de hemodiálise. O Decreto-Lei n.º 306/2007 estabelece o valor paramétrico de 1µg/L para as microcistinas em água para consumo humano. Este parâmetro é determinado quando se suspeita de eutrofização da água bruta e quando o número de cianobactérias potencialmente tóxicas excede 2000 cells/mL. Ao invés, a legislação portuguesa relativa às águas balneares interiores não inclui qualquer limite legal ou valor guia para cianobactérias e microcistinas. Apenas recomenda que se proceda à monitorização das massas de água quando o seu perfil indicar um potencial de proliferação de cianobactérias de forma identificar riscos sanitários e de proceder à implementação de medidas de gestão de risco para prevenir a exposição humana. De facto, a evidência científica disponível ainda não sustenta a alteração da legislação e, por outro lado, a inexistência de valores paramétricos de referência dificulta a obtenção de dados científicos. Neste trabalho, foi caracterizado o perfil de cianobactérias e microcistinas em oito reservatórios superficiais localizados no centro de Portugal utilizados para atividades balneares e de recreio, com base nos resultados de monitorização de fitoplâncton e toxinas associadas no período de 2000 a 2015. De acordo com estes perfis, e com os valores guia da Organização Mundial da Saúde para as microcistinas em águas balneares, foram determinados níveis de risco associados à ocorrência de cianobactérias tóxicas nos reservatórios estudados. Três reservatórios não apresentaram risco relativo à contaminação com microcistinas. Dois reservatórios apresentaram um risco elevado em 7% das amostras (concentração de microcistinas superior a 20 µg/L). Nos restantes três reservatórios, o risco foi baixo. No entanto, as florescências cianobacterianas foram recorrentes e a contaminação com microcistinas (≤4 µg/L) foi persistente. Assim, o risco de exposição humana a microcistinas nestes reservatórios e, consequentemente, os seus potenciais riscos de efeitos agudos e/ou crónicos não devem ser descurados. Estes resultados contribuem para caracterizar o perfil das florescências cianobacterianas e para mapear o risco de ocorrência de cianobactérias tóxicas e microcistinas em águas balneares interiores, recursos naturais com indiscutível importância sócio-económica para o país.
