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Cianobactérias e Saúde: um problema ou uma oportunidade?

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Dias et al., 3 CIC, 2013.pdf2.97 MBAdobe PDF Download

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Muito se tem escrito e discutido sobre o impacto negativo das toxinas produzidas por cianobactérias na saúde humana. No entanto, muitas dúvidas persistem sobre os efeitos reais destes compostos nas populações. A comunidade científica depara-se com dificuldades na avaliação do risco de exposição humana a cianotoxinas, o que dificulta a regulamentação dos níveis de toxinas no ambiente, bem como a gestão do risco associado às ocorrências de cianobactérias tóxicas. Em países com Portugal e Espanha o risco de intoxicação aguda por cianotoxinas será provavelmente reduzido. Nestes países, os sistemas de tratamento de água e os programas de vigilância em águas de consumo e recreativas garantem que as populações não serão expostas a níveis elevados de toxinas. No entanto, desconhecemos quais os riscos de exposição humana prologada a baixas doses decorrente da utilização de reservatórios frequentemente contaminados com cianobactérias tóxicas, onde eventualmente persistem níveis residuais de cianotoxinas, inferiores ao limite legal e até ao limite de deteção analítico. O potencial cancerígeno de algumas cianotoxinas tem vindo a ser discutido. É amplamente aceite que as microcistinas induzem hepatotoxicidade aguda, que actuam pela inibição das fosfatases proteicas PP1 e PP2A e do stress oxidativo, que são promotores tumorais. São toxinas classificadas pela IARC como “possivelmente cancerigenicas para os humanos (classe 2B)”. No entanto, a evidência epidemiológica não é suficientemente sustentada, especula-se que as microcistinas sejam agentes genotóxicos e que, portanto, possam ser também iniciadores tumorais. Mas ainda não sabemos se as microcistinas são cancerígenas. Ultimamente tem sido dada maior atenção à cilindrospermopsina, descrita como genotóxica e cuja ocorrência em países não tropicais tem vindo a ser descrita, embora muito se desconheça sobre a sua toxicocinética e os seus efeitos no Homem, em particular os efeitos a longo termo. Outro exemplo é o do BMAA, conhecido há várias décadas e “re-descoberto” recentemente na Europa e na Península Ibérica, que ilustra bem o paradigma da incerteza toxicológica. Assumimos, portanto, que as cianotoxinas são prejudiciais à saúde humana, mas ainda não sabemos como avaliar e gerir os seus riscos. Por outro lado, a ligação das cianobactérias à saúde humana não se resume à toxicidade e efeitos nocivos. Nos últimos anos temos vindo a assistir a um crescente interesse na actividade antibiótica, antiviral, anti-inflamatória e enzimática de bioprodutos cianobacterianos com potencial aplicação médica e biotecnológica, nomeadamente, na terapia de patologias tão diversas como o cancro, a dor crónica, a acalásia e a doença de Alzheimer, entre outras. Podemos, ainda, encontrar referências à aplicação de metabolitos cianobacterianos no combate a agentes infeciosos ou sobre o envolvimento das cianobactérias no fenómeno de disseminação de resistência a antibióticos no ambiente. Estas são novas áreas de intersecção cianobactérias-saúde, nas quais Portugal e Espanha começam já a dar o seu importante contributo.

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Cianobactérias Saúde Água e Solo

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Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP

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