O ensaio do cometa: exemplo de aplicações na identificação de agentes genotóxicos e em estudos de biomonitorização humana

Vital, Nádia; Louro, Henriqueta; Tavares, Ana; Silva, Maria João

http://hdl.handle.net/10400.18/3436

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A expansão industrial levou ao aumento da exposição humana a substâncias potencialmente tóxicas, que poderão ter uma ação mutagénica e/ou cancerígena. Para avaliar em curto termo as propriedades carcinogénicas de um composto, utilizam-se ensaios de genotoxicidade, onde são analisadas lesões genéticas potencialmente relacionados com o processo de carcinogénese. O ensaio do cometa, uma metodologia rápida, flexível, simples, sensível e de baixo custo, tem sido utilizado na investigação do potencial genotóxico, sendo considerado um indicador de lesões pré-mutagénicas ou primárias no DNA1,2. São utilizadas células de diversas origens (células de sangue humano, biópsias de tecidos, linhas celulares estabelecidas em cultura, etc), submetidas a uma electroforese sob condições alcalinas (pH ≥ 13). Nestas condições, um aumento na migração do DNA está associado com níveis elevados de quebras de cadeia simples e dupla no DNA. Quando visualizadas em microscopia de fluorescência, observam-se estruturas que se assemelham a cometas em que o DNA danificado se separa do DNA intacto (ou ―cabeça) e forma uma cauda2. Neste contexto, o ensaio do cometa foi aplicado para a investigação da genotoxicidade de um tipo de químicos emergentes - os nanomateriais de dióxido de titânio - em linhas celulares humanas e posteriormente em ratinhos expostos3,4. Este ensaio foi também utilizado na biomonitorização de trabalhadores expostos ocupacionalmente ao fumo do tabaco. Este biomarcador de genotoxicidade não revelou diferenças entre o grupo exposto ao fumo do tabaco e o controlo. No entanto, quando as células dos trabalhadores expostos foram tratadas com um agente alquilante, revelou-se um efeito biológico distinto nos dois grupos, sugestivo de uma capacidade de reparação diferencial. As perspetivas de aplicação de metodologias de elevado rendimento no ensaio do cometa e as novas possibilidades de avaliação da capacidade de reparação do DNA serão também abordadas5.