| Name: | Description: | Size: | Format: | |
|---|---|---|---|---|
| 419.23 KB | Adobe PDF | |||
| 787.55 KB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
O problema da violĂȘncia contra as pessoas idosas nĂŁo constitui um problema novo, mas ganha hoje uma maior visibilidade social. Crise da famĂlia ou a perda de alguns valores e prĂĄticas sociais, no seio da famĂlia, sĂŁo alguns dos argumentos invocados para a construção social da violĂȘncia contra as pessoas idosas. Se a famĂlia pode ser hoje um local de afetos e reciprocidades, tambĂ©m pode constituir um lugar de omissĂ”es e de violĂȘncia. As perceçÔes sociais face ao problema por parte da população em geral e os nĂșmeros reais obtidos atravĂ©s de estudos europeus de prevalĂȘncia revelam desfasamentos e paradoxos. Os resultados qualitativos que apresentaremos surgem no Ăąmbito do projeto de investigação Envelhecimento e ViolĂȘncia, financiado pela FCT, que tem como objetivo estimar a prevalĂȘncia da violĂȘncia (fĂsica, psicolĂłgica, financeira, negligĂȘncia e sexual) contra as pessoas com 60+ anos na população portuguesa, caracterizando as condiçÔes de ocorrĂȘncia no contexto familiar, bem como os fatores de risco associados. Na fase exploratĂłria do estudo, e a partir de uma amostra por conveniĂȘncia, analisaram-se as representaçÔes sociais que as pessoas com 60+ anos tĂȘm do fenĂłmeno. Quais os principais atos de violĂȘncia identificados? Quais os fatores de risco? Quais os circuitos institucionais da denĂșncia? Estas e outras questĂ”es constituĂram os eixos de anĂĄlise que serviram de base para a utilização da tĂ©cnica de focus group. Para o efeito foram constituĂdos 4 grupos heterogĂ©neos, homens e mulheres, com 60+ anos, oriundos de freguesias rurais e urbanas, na regiĂŁo de Lisboa. Os resultados revelaram que a questĂŁo da violĂȘncia constitui um novo risco social, que se traduz no conhecimento crescente de casos (diretamente ou pelos mass media), influenciando as perceçÔes que se constroem sobre a sua natureza e extensĂŁo. A sobrevalorização do problema gera uma visĂŁo simplificada e reduzida a uma relação interpessoal. A complexidade das relaçÔes intergeracionais obriga ao reconhecimento da ambivalĂȘncia como parte integrante destas e Ă diferenciação entre conflito e violĂȘncia. Torna-se necessĂĄrio distinguir o que Ă© um ato violento, de um ato que tem subjacente um conflito familiar, que resulta, por vezes, do processo desigual de atribuição das responsabilidades familiares ou das condiçÔes adversas que o exercĂcio das prĂĄticas de cuidar exige. De modo a contribuir para a clarificação das fronteiras conceptuais entre conflito e violĂȘncia, a perspetiva sĂłcio-ecolĂłgica possibilita-nos um modelo teĂłrico multifactorial, compatĂvel com a complexidade do problema em anĂĄlise e articula fatores de risco: individuais, contextuais e estruturais. A realização de estudos de base populacional que possam estimar a prevalĂȘncia da violĂȘncia, que hoje as pessoas idosas sĂŁo vĂtimas, passou a ser premente no planeamento das polĂticas pĂșblicas que visem assegurar um envelhecimento mais saudĂĄvel e seguro.
Description
Keywords
ViolĂȘncia Idosos Determinantes da SaĂșde e da Doença
Pedagogical Context
Citation
Publisher
Instituto Nacional de SaĂșde Doutor Ricardo Jorge, IP
