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- Estimativa do risco cardiovascular na população portuguesa: aplicação do novo SCORE2Publication . Santos, Maria Manuel; Sousa-Uva, Mafalda; Namorado, Sónia; Gonçalves, Teresa; Matias Dias, Carlos; Gaio, VâniaIntrodução: As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte globalmente. A estimativa do risco cardiovascular (RCV) é útil para a prevenção precoce através da identificação dos indivíduos com necessidade de intervenção no estilo de vida e, eventualmente, na terapêutica medicamentosa. De acordo com um estudo prévio realizado na população portuguesa, que utilizou o Systematic Coronary Risk Evaluation (SCORE), a estimativa do risco a 10 anos de doença cardiovascular fatal na população portuguesa foi 17,1%. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo estimar e caraterizar o RCV a 10 anos em Portugal, no ano de 2015, nos indivíduos com idade entre os 40 e 69 anos, utilizando o novo SCORE2 desenvolvido em 2021, pela Sociedade Europeia de Cardiologia. Metodologia: Foram usados os dados gerados pelo 1º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015) considerando como critérios de inclusão à data do inquérito: idade entre os 40 e 69 anos, ausência de gravidez, informação disponível sobre o sexo, idade, consumo de tabaco, pressão arterial sistólica, colesterol total e lipoproteína de alta densidade. Foram excluídos da análise os participantes com as seguintes doenças ativas: doença cardiovascular, diabetes, doença renal crónica, ou com terapêutica medicamentosa para enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes e doença renal crónica (n = 2817). A prevalência de RCV alto ou muito alto foi estratificada por sexo, grupo etário, estado civil, nível de escolaridade, atividade profissional, grau de urbanização, região de residência e quintil de rendimento. Resultados: Em Portugal, no ano de 2015, 36,7% (IC95%: 34,2 a 39,0) e 6,1% (IC95%: 4,9 a 8,0) dos indivíduos com idades compreendidas entre os 40 e os 69 anos tinha um RCV alto e muito alto, respetivamente. A prevalência de risco cardiovascular alto ou muito alto era superior nos homens, entre os 60 e 69 anos, nos indivíduos sem escolaridade ou com o 1º ciclo do ensino básico e com baixa qualificação da atividade profissional (por exemplo: agricultores, trabalhadores da indústria e construção). Conclusões: Verificou-se uma elevada prevalência de risco alto ou muito alto de vir a desenvolver doença cardiovascular (fatal ou não fatal) nos 10 anos seguintes (42,8%) na população portuguesa com idade entre os 40 e os 69 anos, em 2015. Dada esta prevalência e considerando os grupos populacionais mais suscetíveis, é premente identificar precocemente e monitorizar estes indivíduos, nomeadamente, ao nível dos Cuidados de Saúde Primários, o que poderá contribuir para a redução da mortalidade e morbilidade por doença cardiovascular na população portuguesa.
- Pequenos acidentes de grande variedade de agentes (externos), em casa, nas crianças até aos 9 anos, em 2019Publication . Alves, Tatiana; Silva, Susana; Braz, Paula; Aniceto, Carlos; Neto, Mariana; Matias Dias, CarlosEm Portugal, as causas externas de lesão na população infantil têm representado motivo de análise, na medida em que, ocupam a terceira causa de internamento hospitalar de crianças entre os 5 e os 9 anos de idade. Neste grupo populacional merecem destaque os Acidentes Domésticos e de Lazer (ADL), dado constituírem cerca de 14% do total de admissões ao Serviço de Urgência (SU). Importa salientar que os acidentes e as lesões têm sido identificados como um dos problemas de saúde mais relevantes no desenvolvimento saudável das crianças e jovens, dado constituírem causas evitáveis de morbilidade. O presente estudo foi desenvolvido de modo a conhecer a amplitude do tipo de produtos e, ou, objetos envolvidos nos acidentes ocorridos em casa, que direta ou indiretamente possam ter contribuído para a sua ocorrência, por mecanismo de lesão, localização e idade, os quais implicaram recurso aos serviços de urgência, durante o ano de 2019. Procedeu-se a um estudo observacional, descritivo, transversal utilizando os dados recolhidos entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2019, pelo sistema EVITA. Os dados são provenientes dos registos efetuados nos serviços de urgência hospitalares, no âmbito das notificações realizadas pelas entidades de saúde da rede do sistema EVITA. Foi realizada uma análise descritiva e secundária dos dados desagregados pelas variáveis idade, sexo, local de ocorrência, mecanismo de lesão e produto, ou, objeto direta ou indiretamente envolvido. Em 2019, no grupo das crianças dos 0 aos 9 anos ocorreram 12 594 ADL, representando cerca de 14,4% do total de acidentes registados nesse período. Considerando a idade, observou-se que 68,3% dos ADL ocorreram nas crianças até aos 4 anos e 31,7% nas crianças entre os 5 e os 9 anos. A maioria dos casos de acidentes em casa foram devido a queda (66,9%), na sequência de contacto com outra pessoa ou objeto (10,9%) e por corte/perfuração (8,0%). A análise dos ADL devido a queda (n=7854), pelos principais objetos/produtos envolvidos e grupos etários permitiu verificar o predomínio da “banheira/poliban” no espaço da casa-de-banho; na cozinha destacaram-se os acidentes com envolvimento da “cadeira/banco”, quer no grupo etário dos 0 aos 4 anos (34,2%), quer no grupo etário dos 5 aos 9 anos (35,0%); no quarto foi notória a maior proporção de quedas da “cama” nas crianças dos 0-4 (78,1%) e dos 5-9 anos (72,7%); no espaço relativo à sala de estar o “sofá” representou 53,4% das quedas no grupo dos 0-4 e 40,5% no grupo dos 5-9 anos. Decorre destes resultados, que a idade da criança ocupa um papel relevante na frequência da ocorrência de quedas. Assim, em função da idade, interligada com importantes etapas do seu desenvolvimento devem ser consideradas para a compreensão das quedas em idade pediátrica. Confirma-se ainda, a utilidade do conhecimento produzido a partir de EVITA no suporte e planeamento de medidas de prevenção simples e dirigidas, em função da idade e do local em que a criança se encontra.
- Avaliação da exposição da população portuguesa a substâncias químicas: resultados de um estudo de âmbito nacionalPublication . Namorado, Sónia; Ogura, Joana; Silva, Susana; Coelho, Inês; Delgado, Inês; Gueifão, Sandra; Ventura, Marta; Martins, Carla; Viegas, Susana; Alvito, Paula; Silva, Maria João; Nunes, Baltazar; Matias Dias, CarlosIntrodução: Tem sido amplamente reconhecido que a exposição humana a determinados químicos tem um impacto negativo na saúde humana. Importa, pois, caracterizar e monitorização a exposição da população por forma a, se necessário, suportar o desenvolvimento de medidas que levem à redução dessa exposição. Objetivo: Caracterizar a exposição da população adulta portuguesa a um conjunto de substâncias químicas consideradas prioritárias no âmbito da Iniciativa Europeia de Biomonitorização Humana (HBM4EU). Metodologia: Em 2019-2020 realizou-se um estudo epidemiológico transversal (INSEF-ExpoQuim) numa subamostra dos participantes do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015). Para tal, selecionaram-se indivíduos de ambos os sexos e entre os 28 e 39 anos que foram recontactados. Cada participante respondeu a um questionário para recolha de dados socio-demográficos e estilos de vida e cedeu uma amostra de primeira urina da manhã. As amostras foram analisadas em laboratórios previamente qualificados para determinação de cádmio (Cd), bisfenóis (BPA, BPF e BPS), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), acrilamidas e micotoxinas (desoxinivalenol – DON). Foi realizada uma análise descritiva das concentrações dos biomarcadores e uma avaliação do risco para a saúde utilizando a proporção de participantes com valores acima dos valores de referência disponíveis. Resultados: Observaram-se, na população portuguesa (n=296), valores médios das concentrações urinárias de BPA, BPS, acrilamidas e de alguns PAHs, entre os quais o 1-hidroxipireno, superiores aos valores médios observados para a população europeia, enquanto que a média das concentrações de cádmio era inferior. Comparando as concentrações dos biomarcadores analisados com os valores de referência disponíveis observou-se que 1,4%, 0%, 19,3%, 13,7% e 1,0% das concentrações de Cd, BPA, BPS, DON, e 1-hidroxipireno, respetivamente, se encontravam acima dos valores de referência. Conclusões: O INSEF-ExpoQuim produziu pela primeira vez dados de exposição a várias substâncias químicas na população adulta portuguesa harmonizados e diretamente comparáveis com valores de exposição da população Europeia. Os resultados mostraram que a população portuguesa está exposta aos químicos analisados e considerados prioritários no âmbito do HBM4EU, com uma proporção significativa de indivíduos a apresentar valores de exposição a BPS e DON, que poderão ser preocupantes, em termos de saúde pública. Os presentes resultados poderão contribuir para a definição de prioridades nacionais num futuro programa de monitorização e apoiar o desenvolvimento de políticas que visem a redução da exposição a estes químicos.
