Browsing by Author "Reis, Ana Rito"
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- Estudo de compostos bioactivos e vitaminas de plantas aromáticas e sua aplicação em embalagens alimentares activasPublication . Reis, Ana Rito; Dias, Deodália Maria Antunes; Silva, Ana Sanches[PT] Os lípidos desempenham um papel fundamental na qualidade de determinados alimentos, nomeadamente no que se refere às propriedades organolépticas, tais como o sabor, a textura e a cor, que os tornam atraentes ao consumidor. A oxidação lípidica é a principal causa responsável pelo desenvolvimento de sabores e odores desagradáveis nos alimentos, tornando-os impróprios para consumo. Além disso também pode provocar alterações que irão afectar a qualidade nutricional, como a redução do valor nutricional, a perda de vitaminas e de ácidos gordos polinsaturados, afectando a integridade e segurança dos alimentos, devido à formação de compostos potencialmente tóxicos que podem ser prejudiciais à saúde humana. Este fenómeno ocorre, maioritariamente, durante o processamento, distribuição, armazenamento e preparação final dos alimentos. A oxidação pode ser inibida através de vários métodos, nomeadamente pelo uso de embalagens apropriadas para cada tipo de alimento. A embalagem separa o alimento do meio ambiente, sendo indispensável para a conservação da qualidade alimentar. A principal função das embalagens é a prevenção da deteorização, nomeadamente a protecção dos alimentos contra as espécies reactivas de oxigénio (ROS), vapor de água, luz ultravioleta (UV) e contaminação microbiológica. Outras funções igualmente importantes são a informação aos consumidores acerca dos produtos embalados e a preservação da forma e textura do alimento. As embalagens alimentares são uma das áreas mais inovadoras no desenvolvimento de novos produtos, apresentando um crescente interesse a nível industrial. Recentemente, a investigação e desenvolvimento neste campo estão direccionados para o tipo de materiais utilizados, nomeadamente materiais activos e inteligentes, assim como, materiais de embalagens biodegradáveis. As embalagens activas têm várias funções adicionais em relação às embalagens convencionais, que estão limitadas a proteger os alimentos de factores externos. A embalagem activa é definida como aquela que, para além de exercer um papel fundamental na preservação dos alimentos, interage com o produto. Entre as embalagens activas, encontram-se as embalagens activas com antioxidantes naturais, que se baseiam na incorporação de substâncias antioxidantes a filmes plásticos ou outros materiais destinados a entrar em contacto com os alimentos, de forma a proteger os alimentos da degradação ao inibir as reacções de oxidação. Um composto ou substância química que inibe a oxidação ou, quando presente em baixa concentração comparada à do substrato oxidável, diminui ou inibe significativamente a oxidação do mesmo, denomina-se antioxidante. Os antioxidantes podem ser classificados como naturais ou sintéticos, sendo que o seu uso em alimentos deve cumprir certos requisitos, sendo um deles garantir a segurança dos consumidores. Os antioxidantes sintéticos são bastante utilizados na indústria alimentar devido ao baixo custo, alta estabilidade e eficácia. Os principais antioxidantes sintéticos são: butil-hidroxianisol (BHA), butil-hidroxitolueno (BHT), terc-butil-hidroxiquinona (TBHQ), e propil galato (PG). Tendo em conta que, o consumo de antioxidantes sintéticos está associado a efeitos adversos para a saúde humana, estes estão gradualmente a ser substituídos por antioxidantes naturais. Os extractos de plantas aromáticas e especiarias, como o alecrim, o tomilho, o orégão, a salva ou a canela, são uma fonte de antioxidantes naturais, que cumprem com o requisito da segurança alimentar, apresentando um elevado interesse para a indústria. As plantas aromáticas são actualmente estudadas pelo seu grande interesse e benefícios terapêuticos. Estes benefícios dependem em grande parte de alguns compostos bioactivos e vitaminas que, em termos gerais, estão presentes em todas as plantas aromáticas. No presente estudo, numa primeira parte, analisaram-se diversas plantas aromáticas (frescas e secas) – alecrim, cebolinho, coentro, estragão, louro, manjericão, manjerona, orégão, poejo, rosmaninho, salsa, salva e tomilho – de forma a estudar o seu teor em compostos bioactivos, nomeadamente em carotenóides, compostos fenólicos e vitaminas C e E. Para tal, recorre-se à Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada a um detector de díodos (UHPLC-DAD). Das plantas aromáticas consideradas no estudo de compostos fenólicos, o tomilho seco foi a planta aromática que apresentou a maior diversidade deste tipo de compostos, apresentando elevadas quantidades de timol, ácido rosmarínico e ácido carnósico. Entre as plantas estudadas, esta foi a que apresentou maior quantidade de carotenóides, nomeadamente luteína e zeaxantina. O alecrim seco também apresentou grande diversidade de compostos fenólicos, nomeadamente ácido rosmarínico, ácido carnósico e carnosol e vitamina E. Quanto ao estudo do teor em vitamina C em plantas aromáticas (frescas), verificou-se que a salsa fresca apresentou os valores mais elevados de ácido ascórbico e ácido desidroascórbico e, consequentemente, de vitamina C total, entre as plantas incluídas neste estudo. As plantas aromáticas estudadas podem ser consideradas boas fontes de compostos bioactivos e vitaminas C e E o que estende o seu potencial de aplicação para as indústrias de cosmética, farmacêutica e de embalagens alimentares, além da indústria alimentar, devido à sua actividade antioxidante. Assim, o consumo de plantas aromáticas deve ser incentivado e promovido, dados os potenciais efeitos benéficos para a saúde humana. Numa segunda parte do presente estudo, é feita a optimização de um extracto de uma das plantas aromáticas analisadas, o alecrim, que é posteriormente incorporado em matrizes poliméricas com o objectivo de obter embalagens activas antioxidantes. O alecrim é autorizado como aditivo alimentar pela Directiva 2010/69/EU da Comissão e é uma fonte de antioxidantes naturais com possível aplicação em embalagens activas. A sua actividade antioxidante é atribuída ao grande número de compostos fenólicos presentes, com destaque para os diterpenos (o ácido carnósico e o carnosol), e os ácidos rosmarínico e cafeico. Nesta segunda parte do estudo, o objectivo principal foi caracterizar o extracto de alecrim, avaliando a sua capacidade antioxidante e, posteriormente, incorporar o mesmo em diferentes matrizes políméricas e estudar a capacidade antioxidante dos novos filmes activos com extracto de alecrim. Para tal, realizaram-se extractos secos de alecrim, etanólicos e acetónicos, e avaliou-se a sua capacidade antioxidante através do sistema de inibição do radical DPPH, teste de Folin-Ciocalteu, testes dos flavonóides totais e ensaio do branqueamento do β-caroteno. Para todos os ensaios, verificou-se que o extracto etanólico apresentou maior capacidade antioxidante que o acetónico. A capacidade antioxidante do extracto de alecrim foi também comparada à dos antioxidantes sintéticos BHA e BHT, no qual se verificou que a capacidade antioxidante do extracto etanólico é superior à capacidade antioxidante do BHT. Para a avaliação da capacidade antioxidante dos filmes activos procedeu-se ao sistema de inibição do radical DPPH, ao teste de Folin-Ciocalteu e ao ensaio do branqueamento do β-caroteno, tal como no extracto de alecrim. Estes ensaios não foram conclusivos para determinar qual dos três tipos de filme analisados (uma matriz não biodegradável, a poliolefina de baixa densidade-LDPE- e duas matrizes biodegradáveis, o ácido poliláctico – PLA – e a policaprolactona- PCL) apresentou maior capacidade antioxidante, concluindo apenas que os filmes com extracto acetónico apresentam maior capacidade antioxidante comparativamente aos filmes com extracto etanólico. Realizaram-se também ensaios de migração, nos quais se verifica, que dos três tipos de filmes activos utilizados, o que apresentou maior migração dos três principais compostos fenólicos presentes no alecrim foi o PCL com extracto acetónico incorporado. Realizou-se também um ensaio para determinar a eficácia do filme em minimizar a oxidação lipídica, escolhendo-se a amêndoa tostada como matriz teste e realizando-se o ensaio dos peróxidos, e verifica-se que existe uma tendência para a adição de extracto antioxidante aos filmes atenuar a oxidação lipídica. Assim, foi possível verificar que a incorporação extracto de alecrim a embalagens alimentares activas, aumenta a capacidade antioxidante dos filmes. Tendo em conta as diversas vantagens que estas embalagens apresentam para o consumidor comparativamente às embalagens convencionais, é evidente a necessidade de continuar a investigação nesta área e avaliar a eficácia das novas embalagens em contacto com diversos tipos de alimentos.
